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“OS RAIOS INVISIVEIS” DE PAPUS E A CIÊNCIA OITOCENTISTA
por: Adílio Jorge Marques
Papus (codinome para o médico Dr. Gerard Encausse) mostra toda a sua genialidade ao aventurar-se pelos áridos campos da Física e da Química relatando experiências com o ocultismo. mais particularmente com a Luz Astral. Investigador do humano e do oculto, Papus lutou toda a sua vida, assim como outros ocultistas, contemporâneos ou não, para trazer à tona algumas das grandes verdades da Criação sob a ótica da Tradição, mesmo sob o prisma da ciência profana. Esta mesma Tradição, imbuída de todo o saber e do Verdadeiro Conhecimento da história da humanidade, traz consigo a experiência de milênios de vivências, de experimentações e da própria energia pessoal de todos aqueles que a ela se ligaram de alguma maneira, enriquecendo-a e legando ao mundo um maior conhecimento e mais luz às nossas consciências. A verdade pertence aqueles que a buscam.
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Papus não era físico, porém um médico atuante e que estava sempre atualizado com as descobertas de seu tempo. Certamente, como podemos ver em todo o corpo do texto e pelas referências a outros trabalhos que faz, Papus tinha também ao seu alcance uma vastíssima possibilidade literária. Aliás, o saber, a erudição e a vastidão de seus conhecimentos é uma marca deste autor tão admirado. Ele mostra com sabedoria que a Física não é apenas academicista, mas que está ao alcance de todos com uma linguagem própria e acessível a qualquer público, como hoje muitos divulgadores da ciência o fazem.
A Física, como as demais ciências, não foge a mesma regra do restante do saber humano. Por mais que os atuais radicais ou mesmo ainda positivistas dos laboratórios neguem, seguimos um conhecimento científico que tem suas origens na mesma fonte: a grande Tradição Primordial. Basta estudarmos destituídos de preconceitos a origem de muitas áreas do saber moderno que nos veremos em uma fantástica viagem ao passado de muitos dos antigos povos. Devemos a eles muito do que sabemos e do que foi desenvolvido na Europa da Idade Média dentro da Medicina, da arte da guerra, das Matemáticas, da Filosofia e Filologia, sem contar com todo o saber do oculto que tais povos nos transmitiram, tais como a Alquimia, a Magia, a Astrologia, a Astronomia, entre outros. Os árabes e os chineses, talvez cometendo algumas injustiças, destacam-se pela dimensão de suas pesquisas e descobertas. As Cruzadas, no contato entre os Cavaleiros ocidentais e outra cultura, por exemplo, foram importantes no aspecto de aproximação entre o Ocidente e o Oriente, legando à Europa medieval novos saberes, ainda desconhecido.
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Hoje a Física (e vou me ater mais a ela por ser de um domínio que se aproxima mais deste trabalho) permeia por áreas inimagináveis até a bem pouco tempo. Em um movimento que lembra a união mística e cultural da época das cruzadas, cientistas de todas as nações buscam conhecer a Verdade por detrás dos fatos que nos cercam. Por definição, a Física sempre se preocupou em estudar os fenômenos naturais. Ela é e sempre foi uma ciência da Natureza. Uma das obras de Aristóteles, Física, buscava estudar e explicar teoricamente todos os fenômenos que o grande filósofo observava à sua volta. A linguagem matemática da qual a Física se vale para dar um sentido quantitativo a tais fenômenos pode ser dispensada num plano filosófico sem que se perca o sentido de ciência desta matéria. Homens com sede do saber podem ficar horas, dias ou mesmo toda a sua vida discutindo a mais pura Física sem que tenha que se arremeter aos complicados cálculos que fazem parte, sem dúvida, do ferramental da Física. Antes de Isaac Newton e Leibnitz, que nos legaram de forma mais organizada o Cálculo moderno, a Física era uma ciência mais geométrica e muitas das vezes apenas teórica. Galileu Galilei, o gênio que a Inquisição fez abjurar que o Sol era o centro de nosso sistema solar, delimitou historicamente uma divisão entre a antiga e a novas ciências: a antiga, herdada em essência de forma mais filosófica e mental dos gregos e em especial sob a influência de Aristóteles de dentro da Igreja, e a nova ciência, conhecida como clássica, que exigia que uma teoria fosse posta à prova através de um experimento que a comprovasse. Aqui começa a Física como a conhecemos hoje.
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A coragem de Papus com as linhas desta obra torna-se evidente se nos colocamos em sua época, saindo de nosso meio e de nossa cultura atuais. Este é, por sinal, o único caminho seguro para desvendar o passado de forma segura e sem preconceitos, pois senão estaríamos condenados a repetir eternamente os mesmos erros que muitos já fizeram: olhar o passado com os olhos do presente, cometendo o que na história da ciência é conhecido como "whiggismo", ou seja, um ponto de vista historiográfico que julga a importância de eventos passados à luz dos padrões atuais ou que apenas se interessa pelos acontecimentos passados que de forma mais ou menos óbvia parece ter conduzido ao presente. A História, por não ser uma ciência exata, nem sempre lança mão de eventos previsíveis. Ela é o próprio reflexo da coletividade humana em seus anseios interiores pelo saber.
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Para darmos alguns exemplos antes de chegarmos diretamente a Papus, imaginemos a Física Quântica sendo posta em evidência no século XIX, por exemplo. Seria certamente considerada "herege" ao afirmar que no microcosmo, ou seja, no âmbito da matéria densa (ao menos aos nossos olhos) encontra-se um infinitude de espaços vazios à primeira vista, e mais ainda, que somos constituídos de átomos, hoje uma palavra tão comum entre os secundaristas, cujos elétrons podem se comportar como partículas e como ondas! De início, o conceito de átomo (que quer dizer indivisível) é antigo, advindo dos antigos gregos chamados atomistas. Porém, no século XIX era visto como algo que não existia na natureza, tendo sido apenas uma quimera dos antigos. Que não éramos sólidos, então, nem se discutia (lembremos que na visão de hoje, se somos compostos de átomos somos também na maior parte constituídos de espaços "vazios", pois se formos fazer uma comparação entre a estrutura do átomo e a de uma ilha mediana, por exemplo, diremos que o núcleo atômico seria uma pequena pedra no centro da ilha e o elétron mais próximo estaria onde começa o mar!).
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Este fato torna-se evidente na citação sobre a "luz negra", do Doutor Gustave Lebon. As fontes luminosas citadas - lamparina, luz solar - emitem fótons das mais variadas frequências e em todas as direções. Aqueles raios de maior penetração, com frequências de maior valor e consequentemente menores comprimentos de onda, irão certamente atravessar a placa de ferro, ou a maioria de outros materiais metálicos. O chumbo, pela sua alta densidade, é utilizado até hoje nos hospitais e clínicas médicas como isolante aos raios de maior penetração, como os raios X, também presentes na luz solar, mesmo que em fraquíssima intensidade.
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Talvez seja importante, nesta apresentação, abrir uma pequena lacuna para deixar claro o que seja frequência e comprimento de onda. Ambos são conceitos indissociáveis e que esclarecerão qualquer estudo, científico ou não, em especial dentro da área do ocultismo e do misticismo. Frequência relaciona-se ao número de vezes em que um fenômeno acontece em determinado espaço de tempo. No caso da frequência das vibrações associadas à matéria, como menciona Papus, diz respeito ao número de vezes que ocorre a aparição de uma onda completa por segundo. Pode ser o caso de uma onda sonora, ou luminosa, ou de uma simples sequência de ondas num lago calmo em que atiramos uma pedra. O comprimento de onda é o inverso da freqüência, pois para que ocorram mais ondas no mesmo espaço de tempo elas terão que ser bem menores. Quanto menores, maior o seu poder de penetração na matéria, como no caso dos raios X. Como a Física das ondas (chamada acústica) era bem conhecida na época de Papus, estes conceitos eram familiares aos estudiosos das ciências em geral. Digo em geral devido também ao fato de que é muito difícil determinar as profissões até as primeiras décadas do século XX. Um profissional possuía muitas das vezes uma ampla formação acadêmica que o capacitava a várias profissões.
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Assim, bem entendidos estes conceitos básicos, torna-se mais compreensível nos aventurarmos na dualidade onda-partícula, como é conhecida na Física e em especial na Física Quântica, o comportamento ambíguo da matéria. Ela beira a mais pura filosofia metafísica no sentido etimológico do termo, pois como podemos conceber que algo que não vemos, devido a sua diminuta ocupação de lugar no espaço (um fóton, por exemplo) pode ter dois comportamentos diferentes em uma mesma experiência? Esta proposição foi feita em 1924 por um físico experimental chamado de Boglie na sua tese de Doutoramento.
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Este é um fenômeno que acontece com o elétron e com a luz. O fóton, uma determinada quantidade de energia que carrega a informação luminosa, ora apresenta um comportamento de partícula, como chamamos na Física, ora como onda. O que isso quer dizer? Explicando rapidamente um pouco mais esta maravilhosa façanha da Natureza, seria o mesmo que dizer que montamos uma experiência em que temos dois resultados diferentes, porém válidos. De uma fonte luminosa os raios de luz emergem para um anteparo onde existe uma única e diminuta fenda. Vemos que obviamente um pequeno fio luminoso atravessará esta fenda e formará um ponto em uma suposta parede que esteja por detrás do experimento. Este é o comportamento de uma partícula. Indo mais adiante na pesquisa, fazemos uma segunda fenda, igual à primeira, no mesmo anteparo e religamos a fonte luminosa. Verificaremos que na parede irá se formar uma figura que chamamos na física de figura de difração, com áreas de luz e outras mais fracas de penumbra. Ora, mas este é o comportamento de uma onda!
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Em termos do cotidiano, ou seja, do senso comum, a melhor maneira de entender o aparente absurdo deste comportamento dual da luz está na experiência de estarmos à noite parados de frente para uma janela de onde podemos ver e ouvir uma rua. Nesta passa um carro ainda ao longe. É fácil visualizarmos que primeiro ouvimos o som de seu motor e somente quando o carro passa à frente de nossa janela é que o vemos. Isso se explica pelo fato de que o som contorna obstáculos até chegar a nós, ou seja, as ondas sonoras (justamente por serem ondas) apresentam este comportamento chamado de difração. Mas a luz somente viaja em linha reta e, se ela se comporta como partícula neste caso, só irá atingir nossos olhos quando estiver em nossa linha de visão. É normal entendermos que a imagem do carro não irá "contornar" a janela e se mostrar a nós juntamente com o som antes de estar ao alcance da visão. Porém, como já vimos antes, é possível termos uma experiência de difração com esta mesma partícula chamada fóton.
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Podemos pensar, então, que não podemos refutar à priori a hipótese do comportamento dual da luz, pois ele é intrínseco à natureza da mesma. Isso nos remete à dualidade chinesa do Yin-Yang ou à dualidade da Criação dita pelos Martinistas existente na Natureza.
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Papus refere-se corretamente às vibrações ou frequências da luz logo no início de sua obra, assim como aos raios catódicos e aos raios X, mostrando sua iteração científica com o conhecimento da época, com a sua escala das modalidades do movimento da luz. Esta escala ainda é ensinada hoje em dia discriminando-se com exatidão os valores numéricos das frequências de cada cor ou tipo diferente de comprimento de onda. Certamente Papus percebeu, intuiu ou foi-lhe revelado - devido à associação que ele faz em um mesmo trabalho entre estas questões físicas e o astral - que associada à determinada freqüência estaria associada também certa quantidade de energia. O que torna mais interessante ainda contemplar esta obra "papusiana" de 1896, pois o postulado físico que diz que a energia de um fóton ou de um elétron é proporcional à sua freqüência de vibração associada a uma constante natural somente foi publicado oficialmente no final de 1900 por Max Planck na reunião da Sociedade Alemã de Física! A posição ocultista torna-se ainda mais importante se levarmos em conta que apenas três anos antes, em 1893, o físico alemão W. Wien obteve uma expressão matemática que relacionava à freqüência de vibração a determinada temperatura, mas não a níveis específicos de energia das partículas.
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De uma maneira mais profunda, no que diz respeito à verdadeira tradição ocultista, o autor refere-se à língua hebraica e ao conhecimento legado por Moisés. Quando se refere à luz que está associada a uma ação "interior e ativa", "dominada pela matéria", está fazendo relação com o que expomos sobre uma freqüência menor ("baixa tensão") ou de valor mais baixo, por isso mais associada à matéria, à qual denominou OB. É o caso da luz astral mais próxima de nosso mundo físico, ou do astral inferior. E, em contraposição, chamou OD à luz que "domina a matéria", estando "em alta tensão", ou seja, em alta freqüência, entendida como uma forma de maior energia. Refere-se ao astral superior. Lembremos que fisicamente tensão e potencial são sinônimos para energia. Quanto mais energia, maior a vibração ou a freqüência.
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Ao referir-se ao calor, citando Keely, não deixa Papus de estar em conformidade com a esta certeza científica, pois o calor também é uma forma de vibração da matéria, a princípio de valores mais baixos que a luz, e que emana dos corpos materiais de maneira geral, animados de vida ou não. Tudo o que existe na natureza manifestada está associado a um tipo de vibração, pois dentro do âmbito molecular e atômico não existe imobilidade. A matéria só estaria totalmente inerte na temperatura mínima possível no universo manifestado: aproximadamente - 273,15 °C ou zero kelvin, a temperatura absoluta. Como esta temperatura não existe em nosso planeta, nem em laboratórios, parar o movimento ou "congelar" energeticamente qualquer dos planos de manifestação não é possível. Cada componente da matéria, em qualquer plano, está em constante vibração, incessantemente, esteja aparentemente frio ou quente. Modernamente sabemos que equipamentos de observação noturna funcionam captando a emanação de calor dos objetos. A freqüência do calor está na ordem dos raios infravermelhos, que como Papus cita, são "invisíveis ao olho humano".
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Podemos inferir através desta obra que nosso autor acreditava que tudo na Criação fosse "tensão", alta ou baixa, que em outra linguagem chamamos vibração ou freqüência. E certamente a Física nos aproxima desta visão.
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O fato dos objetos possuírem um "astral" ou vibração própria é decorrente do que acabamos de explicar. Também aqui a Física é bem compreendida por Papus e extremamente esclarecedora. Vejamos à luz de tudo o que já foi dito anteriormente: cada material possui um arranjo atômico particular, e cada arranjo possui sua freqüência própria. Pelo fenômeno da ressonância vibratória frequências iguais vibram juntas sempre que uma está próxima da outra. É o caso dos diapasões usados pelos músicos para ajustar seus instrumentos. É comprovado que se fizermos um determinado diapasão vibrar, outro de igual freqüência que esteja próximo irá vibrar conjuntamente, sem que o toquemos, devido à ressonância entre eles. Ou seja, são constituídos de forma semelhante e reagem entre si. Isso explica a exposição das jóias sobre o "astral das coisas" à qual o texto se refere. No mundo das vibrações, o semelhante atrai o semelhante. No mundo das partículas materiais, os opostos é que se atraem. A dualidade presente na Criação manifesta-se de forma relativa, porém complementares.
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Muitos experimentos e descobertas modernas nos remetem ao âmbito dos grandes Mestres do passado. A Tradição estará sempre atual, pois carrega consigo a força da idéia que foi a responsável pela estruturação de todo o universo conhecido. Muitos acham que todos os campos de estudos que não estejam em estreita ligação com a ciência oficial simplesmente podem ser descartados. Assim foi em todos os passos que a Física trilhou até chegar aos dias de hoje. E acredito que esta tenha sido a intenção primeira de Papus nesta obra. Relacionar um conhecimento acadêmico com o saber oculto reportando-se às descobertas de sua época. Ele busca encontrar a relação entre as bases do ocultismo e experiências científicas de sua época. Ele mostra neste trabalho de vanguarda que muitos dos fenômenos podem ser explicados usando-se a lógica, a ciência, o conhecimento do ocultismo e consequentemente da Tradição Primordial. Vamos observar que a linguagem usada não é semelhante à nossa e que não encontramos termos modernos muitas das vezes em que determinado fenômeno á apresentado. Veremos também no texto que Papus desafia as idéias arraigadas da ciência da época, mesmo sendo médico e estando em contato com a nata da cultura científica da França e da Europa.
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Mas, para não cometermos "whigguismo" com Papus, a exemplo desta verdadeira Tradição, temos que analisar o texto à luz de sua época. No final do século XIX o pensamento científico era extremamente mecanicista (palavra originada do termo mecânica, usada desde a época da revolução científica e que a obra prima de Isaac Newton - Principia - popularizou para descrever o funcionamento totalmente explicável do universo em termos de uma Mecânica física, como se o cosmo fosse uma grande "máquina" previsível). Em outras palavras, achava-se que as ciências físicas já estavam totalmente explicadas pelas descobertas feitas até então. Dominava-se inclusive experimentalmente o calor, a ótica, a mecânica e por conseqüência a engenharia de um modo geral, a eletricidade e o eletromagnetismo descrito por J. C. Maxwell que com suas equações havia sido considerado a pérola que faltava na coroa do conhecimento físico. Logicamente faltava muito da tecnologia para criar ou experimentar as idéias da época que surgiam em profusão. França, Alemanha, Inglaterra e Estados Unidos foram lugares onde se destacavam mentes realmente brilhantes e que impulsionavam a ciência. A Mecânica Quântica já citada só surgiu por consideração histórica em 1900 com Planck, como já mencionado acima, ao raiar de um novo século, mas mesmo assim apenas no final da década de 30 do século XX a ciência terminou de se libertar do mecanicismo latente com a fundamentação científica da nova Física Quântica.
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Mostrado sucintamente o panorama do pensamento à época do texto podemos imaginar e entender toda a discriminação que nosso autor sofreu. Ao analisar a influência dos objetos no meio em que estão e a influência astral à qual eles também estão submetidos Papus busca mostrar a correlação entre a influencia dos astros e do campo áurico e a das jóias construídas sob determinada influência. Ele procura trazer à tona o conhecimento perdido que veio do Oriente para o Ocidente, pois a Astronomia e a Astrologia eram uma única e verdadeira ciência entre os antigos povos, e que o mecanicismo separou elevando uma ao apogeu da sociedade e a outra ao limbo, pois não existia (e ainda hoje) equipamento que demonstre claramente as influências astrológicas. A ciência da analogia foi muitas das vezes esquecida pelos pesquisadores de várias gerações. Este foi o preço da revolução galileana. Mas dentro de uma concepção filosófica vemos a verdade se apresentar a favor de Papus, pois foi justamente por acreditar na ação à distância da potencialidade divina que Isaac Newton pôde conceber a teoria da gravitação universal. Talvez a queda de uma maça tenha contribuído mais para um galo em sua cabeça do que para o insight necessário à revolucionária proposta newtoniana.
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Da mesma forma que na época de Papus já se conhecia os efeitos do eletromagnetismo e da eletricidade, as experiências elétricas com corpos vivos ou inanimados também já eram em grande parte compreendidas, como por exemplo o movimento muscular. Logo, Papus buscou mostrar que o astral, palavra derivada justamente da influência dos astros em nossa vida, era um mundo que nos cercava independentemente de acreditarmos ou não, da mesma forma que a gravidade continua a existir mesmo que alguns não a compreendam. Talvez os grandes mestres do passado, no qual Papus certamente está inserido, estejam hoje mais radiantes com as novas descobertas físicas relacionadas ao campo quântico que nos cerca. Ao estudá-lo aprendemos que também estamos mergulhados numa miríade de partículas subatômicas que nos atravessam e interagem conosco e com tudo à nossa volta todos os instantes. Tais partículas hoje conhecidas com as descobertas dos últimos 40 anos são criadas e desaparecem em infinitésimos de segundos e muitas das vezes outras idênticas reaparecem mais adiante sem nenhuma causa mais parente. É a chamada perturbação do campo quântico. Logo, o vazio ou o vácuo não existe exatamente como Aristóteles havia predito. Tudo está submetido a níveis de energia os quais não podemos ter a menor consciência, mas que nem por isso deixam de existir em níveis muito discretos. O éter, abandonado pela ciência oficial desde o início do século XX, pode ser assim "ressuscitado" nesta teoria dos campos quânticos. No passado, o éter foi abandonado pelo fato de que se considerava que ele deveria ser extremamente pouco maleável para poder conduzir ou ser o suporte da luz e do calor. Partindo deste conceito ainda mecanicista e de experimentos para comprová-lo dentro desta ótica acabou-se chegando à conclusão de que o éter não poderia existir.
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A tentativa de explicar muitos dos fenômenos ditos "espíritas", ou mesmo de ordem metafísica, através da visão de uma "física oculta", como mencionada, foi a meu ver de grande valia e extremamente importante. Descaracteriza o estudioso do misticismo e do ocultismo da imagem de "fantasista", cuja imaginação transcenderia às mentes ocupadas com uma só realidade - a da Natureza visível, naturada, manifestada e compreendida em uma visão mecanicista. O “motor do mundo”, como muitos cientistas acreditavam, estaria distante de sua criação. Esta obra prova justamente o oposto: não existe separação entre os eventos da Natureza, tudo se relaciona intrinsecamente, mesmo que nossas mentes não possam conscientemente abarcar todas as informações de forma paralela. Papus demonstra que se as vibrações existem, elas fazem parte da nossa vida. E, quem mais do que nós, "homens da modernidade", imersos num mar de energias eletromagnéticas de toda gama possível de frequências, pode discordar disto?
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Papus convida-nos a buscar nas páginas desta singela obra uma nova visão sobre o astral e a matéria, sobre a ciência e o ocultismo. Então, sigamos seu conselho e, como na Gêneses, que a Luz se faça a cada página - FIAT LUX!
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Adílio Jorge Marques
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